- Tudo o que eu falo tá acontecendo!
- É mesmo. Fala algo bom para mi, para ver se acontece!
- Tu vai conhecer aqui o amor da tua vida!
- Huuuum, quero é ver essa dar certo.
Durante algumas semanas ela acreditou que o ''amor da vida'' dela que ela teria conhecido era outro, até o verdadeiro tomar a frente de qualquer outro.
Alguns meses depois ela estava sentada em um banco rodeada de garotos que não paravam de falar sobre futebol. Na verdade, aquele papo todo sobre quem foi campeão de tal campeonato ou quem merecia estar na final não a irritava tanto. Só sorria e balançava a cabeça imaginando o quão loucos seus amigos eram.
Seu telefone tocou e no visor havia o nome dele. Levantou devagar para não chamar atenção, o que foi impossível, pois era a única garota ali. Ele estava chegando. Voltou para sentar e ouviu algumas piadinhas.
- Era minha avó.
- Com a voz grossa assim? - Perguntaram.
- É que ela tá doente.
Risadas, alguns comentários e o foco voltou: Futebol.
Recebeu outro telefonema algum tempo depois e mencionou que ia pegar algo com um amigo e logo voltava. Caminhou tranquila, como todas as vezes que ia encontrá-lo. Cada vez ela se espantava mais com tamanha confiança. Ele estava sentado, mais bonito do que ela lembrava, o cabelo caindo na testa, um rosto sério e preguiçoso. Costumavam se encontrar falando um oi e caminhando separados a algum banco, mas dessa vez ela havia se aproximado e tascado um selinho nele.
Aquele era um momento que ela adorava, mas que durava pouco por culpa dos dois. Sempre algum tinha algo para fazer depois, algo que podia ser deixado para lá, algo que no fundo eles preferiam esquecer e passar o resto do dia juntos, algo que nenhum dos dois conseguia falar.
Era nesses encontros que ela segurava a mão dele, que seu perfume passava para a roupa dela e ficava o dia todo, que seus beijos, ainda que desencaixados, a fazia feliz, que as palavras verdadeiras saltavam das bocas, que o som do sorriso dele permanecia em seus ouvidos durante horas, que ela ria do vento que passava.
Na hora da despedida a felicidade era tamanha que ela não se importava se já estava na hora de ele partir. Porém, ao dar dez passos em direção contrária, seu coração apertava já sentindo saudades, e se ela pudesse teria ido embora com ele.
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